Caboquinho era um dos melhores e mais corajosos pescadores de Baixio, no Litoral Norte da Bahia. Homem de pescar em jangada, virar a noite e voltar bem abençoado de peixes.
Quando chegava de uma pescaria nada lhe tirava de uma mesa de dominó e de boas goladas de uma cachaça decente.
Quando os goles já estavam pra lá da conta, Caboquinho começava a balbuciar coisas sem nexo. Só dava pra entender, mais ou menos, que estava conversando com uma entidade que ele denominava de Antônio da Luz.
Se alguém ria e duvidava da conversa do pescador com o irmão do além, Caboquinho se enfurecia e desafiava o cético pra uma aposta: ele pisaria em brasas (dois ou três passos) para provar que estava incorporado por Antônio da Luz. Em troca, receberia uma garrafa de pinga como recompensa.
Com os pés calejados que nem sola de couro e sob o efeito da branquinha, Caboquinho ganhou várias, em diversas ocasiões!
Lá um dia, a turma do dominó resolveu dar um fim no folclore de Caboquinho. Sem ele saber, prepararam as brasas com pau do mangue. Dizem que é o pior braseiro que pode existir.
Antônio da Luz baixou em Caboquinho, queimou os pés e nunca mais apareceu nas rodadas de dominó!
Sabe que duas ex vizinhas, tia e sobrinha, que em festa de São João, EU VI, antes da meia noite, segundos antes, as duas atravessavam descalças, muitas brasas vivas, e não queimavam os pés. Nunca entendi isto, mas não tinha essa de estarem possuídas por algum espírito, não! Ellas permaneciam sóbrias o tempo todo e nada de bebidas. Uma, inclusive, evangélica. Mas só funcionava na passagem da noite de S.João, entendeu? Se alguém souber, que explique, mas era assim mesmo.
ResponderExcluirDorothy