sábado, 21 de maio de 2011

Manchete garantida

Todo meio de comunicação organizado vai registrando, cotidianamente, a biografia de personalidades. Assim, quando uma delas morre, a história do cidadão já está ali todinha reunida para publicação, evitando um corre-corre e falhas de um trabalho feito na última hora.

Certa ocasião, um político famoso da Bahia está morre mas não morre. O repórter de um grande jornal foi designado pra ficar de plantão na portaria do hospital, que gentilmente deixava ele usar o telefone pra se comunicar com a redação, pois na época não existia celular.

O político estava desenganado, mas não havia ainda desencarnado. A página no jornal já estava prontinha: a história, fotos antigas, depoimentos e amigos e correligionários. Só faltava mesmo o cidadão morrer.

Início da noite e a ansiedade começou a tomar conta da redação. A edição normalmente era fechada às 22 horas, mas em casos excepcionais, como o tal, o prazo poderia ser dilatado até meia-noite.

Já são 9 da noite. O homem resiste ao chamamento do além. Na redação, editores roem as unhas.

10 da noite. O homem continua vivo. A redação morre de ansiedade. O repórter na portaria do hospital já tá em tempo de ter um infarto: a morte do político era a manchete principal!

Onze e meia da noite. Toca o telefone na redação. Um dos editores atende, ouve em silêncio o que a pessoa do outro lado da linha narra.

Silêncio absoluto na redação. Ouve-se apenas o editor no telefone: “rum...rum, rum...sei...ok...”

Ele desliga o telefone, vira-se para todos na redação, com aquele ar de suspense e grita: “Morreu...morreu...morreu...!”

Todos gritam, aplaudem. O trabalho não estava perdido. A manchete estava garantida!                  

Um comentário:

  1. Não sei se vc fala de ACM, o grande senador, que nos fazia grandes, também, no cenário nacional, o político mais inteligente e coerente de nossa querida Bahia. Parece que alguém anunciou sua morte antes dêle estar morto, coisa assim. Foi muito chato e desrespeitoso. Vai ser difícil a Bahia reencontrar alguém que realmente faça algo de bom por ela. A Bahia está um cáos em tudo, sem consideração até do gov federal, prá olhar por ela! Deve ser a fase de expiação dos baianos...coitados de nós!
    Joana D'Arc

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