Fatos que possam parecer engraçados mostram, na realidade, o quanto é terrível viver sob uma ditadura.
Meados da década de 70, estava eu cursando administração de empresas na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Os cursos noturnos, entre eles ADM, funcionavam no prédio da antiga faculdade, na rua Conselheiro Franco.
Minha equipe de estudos foi proibida de divulgar um trabalho entre os colegas. Era uma espécie de avaliação dos primeiros passos da UEFS e serviria de avaliação na disciplina Metodologia do Trabalho Científico.
Eu, Wilson Prado (do grupo farmacêutico Drogafarma) e Marta Brumetti, de família tradicionalmente esquerdista, resolvemos panfletar denunciando a censura.
Uma noite, seguimos para o prédio da Faculdade, num Fusca de Wilson, com os panfletos. Quando nos aproximávamos, percebemos uma viatura do 35º Batalhão de Infantaria estacionada bem na porta e dois soldados de guarda. Suspense e medo!
Paramos, Marta se ofereceu pra ir até a faculdade checar o que acontecia.
- Sou mulher, menos visada – argumentou.
Marta demorou cerca de 20 minutos pra voltar. Parecia que já havia passado 1 hora!
De repente, lá vem ela, sorrindo.
- Nada demais, não. O pessoal do Exército taí pra tratar de uma olimpíada que vai ser realizada com a UEFS.
Desistimos de panfletar e fomos tomar uma. Hoje, situação boba. Mas quem viveu a época sabe o drama.
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